Foi um dos dias mais frios de sempre em Kaunas. E apesar de Valdemaras estar gelado, mas é que gelado mesmo, Ausra insistiu em lambê-lo. Soube-lhe a morango (ou framboesa).
A descida era apetitosa e Massimo deixou-se ir. E ainda lhe deu mais gás, e mais, e mais. E mais. E foi tanta a embalagem, e sempre mais, que acabaria mesmo numa dessas sacas de plástico.
Foram anos e anos naquilo. O homem recusava-se a despir aquele pedaço de pano. Assim como um talismã, usava aquela t-shirt no futebol, no escritório, nas viagens de negócios, na praia, até para dormir. E dito isto, perceberemos melhor a ironia de Marianne: foi ela quem começou a chamar Pascal de "o camisola amarela".
No famigerado ano em que os oceanos gelaram, Carlsson ainda daria mais sete voltas ao mundo em apenas 24 dias. Impossível? Não para ele: vangloriava-se da finíssima lâmina alemã dos seus patins.
Os dias passavam ainda mais lentos do que as noites. Mas a paciência de Kimberley (e respectivas esperanças) a tudo resistiram. E bem sabemos como não há nada pior do que o atrito temporal. Admirável como a mente humana tudo consegue ultrapassar. Derrubar. O problema, o verdadeiro problema, esse, surgiria apenas instantes antes do tão adiado momento. Chamam-lhe "parto", mas aquela teimosa criança disse "fico".
Há seres humanos com um poder extraordinário. Mas é que extraordinário mesmo. Raro. Raríssimo. E tão fantástico é, que nem aqui o conseguimos descrever.
Não foi uma noite como as outras. Mais curta, desde logo. Martina sonhou que estava a meio de um sonho lindo onde sonhava com outro sonho menos lindo que lhe dizia que devia era estar acordada. Enfim, deu um pinote e foi-se pôr a beber chá de tília. Creio que ainda rabiscou umas linhitas, mas nada que se aproveite.