Eram três génios culinários. Um dizia-se chef . O outro sommelier . O terceiro, esse, era mais bolos. Ou patisseur , como lhe chamam na Bélgica gaulesa. Um dia zangaram-se. Todos os três queriam ter um restaurante à sua medida. À la Michelin . Cada um foi para seu lado, embora com magros resultados, como em seguida explicaremos: no elegante restaurante do chef , agora orgulhosamente só, e apesar dos lustros franceses e dos sofás de carmim oriental, uma dúzia de engasgos mortais foi manchete na imprensa doméstica, tablóides mas não só; o sommelier , à falta de comida nos pratos, conduto portanto, passou a ter de lidar com os alcoólatras da cidade e respectiva narrativa, já que desprovidos de lastro no bucho; quanto ao nosso dulcíssimo patisseur , pobre homem que sem pruridos engordou meio-continente, acabou nos tribunais burgueses, ou luxemburgueses, por indução dolosa à diabetes. A verdade é que, cinco anos mais tarde, e com os problemas a acumularem-se, e outras arrelias que todos