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A mostrar mensagens de abril, 2022

Pissoir

Não havia frase que pudesse ofender mais Alípio do que aquele "Só vou ali mijar". Total desrespeito pelas partes envolvidas. Ou como se mijar — ou urinar, se preferirem, Alípio também se estaria a cagar — fosse apenas mais um desses actos solitários.

Triagem

Justo não fazia juz ao nome: sempre foi homem de dois pensos e duas meninas.

Última tanga em Paris

— Tens groselha? — Tenho. — Quero um tango. — Ei-lo! — Quanto te devo? — É um euro e desce.

It's a horse? It's a donkey? It's a unicorn? No, it's a poneycorn!

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Da fonte nova do Fonte Nova

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Lloré del mar

Poucos sabiam, mas o vigoroso Alexandre também tomava comprimidos para descomprimir. Tal facto, porém, não evitou, ou até propiciou, o seu prematuro afogamento precisamente no dia em que mais precisou de desafogo. Nadador exímio, desnorteou-se com um agueiro quando dava umas braçadas no sentido Norte. Lá no areal, sabe-se que Gemma ainda balbuciou algo. O funeral, esse, foi multitudinário e nem por um minuto conseguiram calar aquele estribilho de um choro tão colectivo quão gagá. Comovente: "Alexandre, Alexandre, Ale-ale-xandre, Ale-ale-xandre..." Foi a enterrar a 23 de Abril de 2022 no Cementiri de Lloret de Mar, sito na Avinguda Camí de l'Àngel, 2 (província de Girona). Comenta-se agora que o jazigo familiar está muito bonito e que às flores nunca falta água (doce).

À table "abieque" Quim Barreiros

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Esqueçam aquele ancestral provérbio segundo o qual "todo o parvalhão sabe tocar acordeão" (existe mesmo ou fui eu que o inventei agora?). Músicos há que, longevidade à parte, possuem um talento inato para se venderem. O senhor Joaquim Barreiros é um desses casos par excellence : apesar de ser natural de Vila Praia de Âncora, surge este mês em grande na revista francófona da capital portuguesa, a Lisboète , que o apoda de "Tio Quim". Lá está, não é para quem sabe, é para quem pode.

Eclétrico

28, 15, 10, 12 e 25. Até o da Bica, o do Lavra e o da Glória (a sua glória, aliás). Gonçalves era outro daqueles guardas-feios que nunca recusaram uma carreira.

28

 Guada-feio? Com certeza. E nunca desmereceu aquele eléctico.

Eléctrico 2800: do Calvário ao Calvário

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Um tordo e uma carcaça (de tordo)

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Confesso que não acompanho o preço das commodities nas bolsas e mercados de futuros mundiais. E se nem Libor nem PSI20, muito menos o valor do tordo frito e amortalhado num papo-seco. Admito este ser um momento gélido e mórbido para os mais empedernidos ornitólogos, mas o serão pascal de ontem, muito bem passado à Graça, foi assaz elucidativo: o pacote é vendido a 2,40 euros a unidade. A maquia até parece razoável dada a raridade crescente da ovípara iguaria, mas como falamos da Lisboa histórica, preparem-se para o pior. Basta um francês mencionar o feito num qualquer boca-a-boca sobre amuse-bouches , ou numa dessas revistas bonapartistas que se multiplicam como cogumelos nas imobiliárias de Lisboa e que citam cega e indistintamente Philippe Starks, e a carcaça com a mesma do tordo vira 15 francos gauleses (não confundir com "frangos"). Vá, depois não se queixem que ficaram atordoados.  

Da morbidez

Jessy não passava de mais uma gorda anafada, mas tinha um intestino bem delgado.

O meu pequeno túnel da felicidade

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O luxo de ser lisboeta, mesmo que de São Domingos de Benfica ( née  ao Campo Grande, essa ex-freguesia), é poder ser turista doméstico quando quisermos. E logo numa das cidades que é — e hoje disso já poucos terão dúvidas — uma das mais belas e carismáticas do Mundo. E, claro, dentro desta capital, e de todas as suas tantas encostas, curiosamente também considerada uma das cidades há mais tempo habitada na Europa, ou no Ocidente, a nossa Olissipo, é um luxo redescobrir os recantos onde já estivemos há 40, 30, 15 anos, e com os quais, de forma distorcida, quase sempre para melhor, tanto sonhámos na nossa irreflectida distância — mormente na minha década e meia de diáspora. Fica aqui, pois, um desses cantinhos que desde tenra idade nunca sumiu da minha fantasia. Está nítido e vívido na foto, parece-me. É, tem sido, um certo ângulo do que pode ser a felicidade, um conceito local dela. Ou, melhor escrevendo, do que uma certa imagem mental da era pré-digital poderá sempre aportar para a fel

"Transporte de Lacticínios": porque é o Povo quem sempre mais ordenha

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When Will Smith Was Smith

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"Narva Oblast": Russia and NATO

Editor's note: "Narva Oblast" is a text published first in the "Eesti Ekspress" weekly newspaper back in 2009 after Vladimir Putin invaded some regions of my beloved Eastern Iberia (Georgia). I decided to upload it here in the (English language) original version before translation into Estonian by my good Tallinn-born friend and ex-editor Askur Alas. Well, off it goes... Narva Oblast Everything happened too fast. Extremely fast. But History is picky: who could predict a month ago European Union's official recognition of Kosovo would happen the very same week as the Presidential election in Russia? “Rude mistake”, “Careless foreign policy”, “Big Bear underestimated”, “Bronze Soldier’s revenge”, “Second Act”, “Vladimir’s Grand Finale ”, etc. I can’t remember all the headlines printed those late days of February 2008. “Surprise”? To some extent. However, one can hardly say it was an “ab

Salvador is onboard! Or the times when my Portuguese-Estonian children could visit... Portugal!

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Pre-pandemic 2019 was another difficult year from a personal perspective: However, with a huge difference: my kids had not been subtracted yet by her mother Age Viira and, even while living in Estonia, they could still travel happily to Portugal with their papa (me) and visit their friends and family in Lisbon and around (especially both Portuguese grandparents and their beloved cousin Laura). This picture, taken on a Helsinki-Lisbon flight operated by  Finnair  in July 2019 embodies what could have been the normality lost over these 3+ years. Jonas now hardly understands the Portuguese language, let alone speaks it. Really sad, but the flight, sorry, the flight continues, irrespective of all the nasty post-Soviet Estonian-Viljandi-family tricks. Another tomorrow will sing louder, I am sure and hopeful, for the highest interest of my three children and their biggest joy. Also important: thanks, Salvador — I always knew you deserved such a name.