Decidi visitar Belém em 2006. Não a que confina com Algés, a outra, hoje absolutamente muralhada na Cisjordânia. Recordo-me de uma estranha densidade de pessoas, pior só talvez mesmo Macau, bandeiras da cooperação norueguesa, demasiadas fotos de mártires de kalash em riste. Em rigor, visitar a gruta onde Jesus Cristo alegadamente terá nascido foi razoavelmente deprimente e sem direito nem ao burro nem à vaquinha com os seus bafos aconchegantes. Por Belém ficámos umas horas, sempre altamente vigiados pelo IDF, adoro o eufemismo, que a partir das suas altas torres tudo observavam. A quantidade de crianças foi o que mais me marcou. A experiência foi bem intensa mas ficou arrumada durante quase duas décadas numa pequena gavetinha — é óbvio que o deboche e cosmopolitismo fino das noites de Telavive se sobrepõe sempre quando de um hedonista encartado, o mesmo que vos escreve estas linhas, falamos. Não sou religioso, embora tenha um certo culto — quiçá semi-fantasioso, seguramente míst...
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A história do José Sousa chega a ser confrangedora. Cansado de ser visto como o pau mandado que, de facto, era, ganhou vida e jurou pegar fogo a toda a companhia de teatro de marionetas. Num dos seus acessos de raiva, chegou a gritar bem alto: "Eu sou o Sócrates!" O grupo de actores, primeiro perplexos e até incomodados com a metamorfose do seu Zé, começaram, a pouco e pouco, a ter pena dele...Sócrates...que delírio...
Infelismente, no dia do planeado incêndio, o José Sousa, que havia sido o mais famoso dos fantoches da companhia, e que enlouquecera com a obsessão de querer ser actor, esqueceu-se de que era de pau e, qual pinóquio, ardeu.