O mito do iberianismo

Eis a sinopse da palestra de dia 19 de Dezembro na Escola Oficial de Idiomas de Bilbau. Pelo seu próprio pé, Iberiana vai percorrendo o seu caminho...

A História da Península Ibérica está mal contada, como quase todas. Sabe-se que os vencedores ditam e as narrativas podem ser mais ou menos efabuladas. Certo é que as mitologias criadas pelas várias nações que habitam neste território milenar têm ignorado, quase sempre de forma intencional, as suas entranhas comuns mais profundas. Iberiana não é mais do que uma viagem especulativa no tempo, politicamente inconveniente e muito para além do óbvio oficial. Como se poderá explicar que ainda hoje, com todas as conquistas da ciência, não saibamos com mais rigor quem foi o povo ou os povos que emprestaram o nome à nossa península? Como justificar a ignorância em relação à civilização tartéssica, aparentemente já citada na Bílbia, de onde terão partido os três Reis Magos e que nas margem do Guadiana e Guadalquivir floresceu um par de milénios antes de Cristo? E quantos sabem que existiu uma outra Ibéria no território da actual Geórgia, no coração do Cáucaso, que sempre olhou para nós como irmãos? Ou do esplendor sefardita que conduziu à Cabala? Por que adoptámos aqui a ancestral palavra "esquerda" do euscara ezker e não a sinistra latina dos invasores romanos? Num momento em que a Península Ibérica voltou a ser chutada para a periferia da Europa, urge repensar esta grande narrativa ibérica que permita uma refundação do mito. Do revigorante mito do iberianismo.

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