Choque com tinta

Mamãe ainda admitira que tivesse ido caçar uns pequenos bivalves, caranguejos suculentos ou aqueles saborosos peixinhos verdes, os predilectos e por quem todos se lambiam lá no cardume. Mas não. Poderia ter acabado inclusive engaiolado num covo e isso sim, isso já era motivo de preocupação. Mas não. Tão-pouco foi comprar tabaco, vício cada vez mais raro num cefalópode saudável. Semanas depois, e porque foi forçado a engolir a verdade, não sem com um breve esguicho de tinta negra, mais negra e espessa do que lhe era habitual, teve de se mudar. Reinventar. Chocou um plano minucioso que até nem lhe correu assim tão mal: hoje tem um pequeno harém nas profundezas cálidas do Mediterrâneo, diz-se que ali ao largo de Amalfi, da Costa Amalfitana para ser exacto, embora, garantem algumas publicações marinhas de referência, mormente no renomado Centro de Investigação Marinha de Arcachon, o tenham avistado amiúde entre Malta e Gozo, sobretudo quando decide ir fazer, e sempre com gozo redobrado, um tentáculozinho, aquele malandro tentáculozinho, à África magrebina.

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