Nunca aqui se relatou desfecho tão irónico. Paradoxal. Khaled, o tal que se dizia ser um poço de virtudes (sem fundo), acabaria empurrado para dentro de si mesmo. E acreditem que muito lamentamos mais este óbito.
Ron descobriu há dias que Jesus era afinal punk. E dá-nos ideia de que está mesmo convicto. Má sorte a nossa: passa os dias a delirar com a crista de Cristo.
Longe de estar planeado. Na verdade, ela até se preparava para o trocar por James, o professor de aeróbica. Ainda hoje explica que só aceitou casar porque descobriu que Peter engravidara. De esperança, naturalmente.
Eu nem queria acreditar. Mas Magali não se desmanchou. Impassível e com aquela lata de sempre, oficializou uma oitava acima: "Sabe, Thiago, mais do que chocos com tinta, gosto é de chocos com pinta..." Chocante? Bom, confesso que senti uma pontinha de ciúme...
Foi tudo tão rápido que nem sequer reparámos. "Quembalhota?", ainda perguntámos em uníssono. Certo é que, ainda hoje, está por identificar o autor da acrobacia.
A insónia passou assim que desisti de adormecer. O Astro-Rei manda; marca a voga. Até na escuridão invernal de Tallinn. Isto da hibernação ainda não é uma ciência exa(c)ta.
"Eles que berrem o que quiserem", comunicou-me Cynthia denotando estranha perfídia. Perturbado, só me restou dizer-lhe que não lhe gabava a crueldade: "Mas... mas são crianças, Cynthia..." Ela ainda oficializaria, indiferente: "Regras são regras, meu caro Thomas: neste infantário, a compota de morango é só para os meninos bem compotados."
Esteves era um guarda feio e eléctrico. É por isso que ficaria muito triste se o confundissem aqui com o simpático Estêvão, o guarda-freio do eléctrico.
E assim que atirou a toalha ao chão, Joonas aprestou-se a pendurar as botas. Mas não era tudo. Já descalço, percebeu que ainda lhe faltava enfiar a viola no saco.
A cidade é muito bonita, bastante mais bonita do que alguma vez supusera. Adorei as colinas, os eléctricos por todo o lado e, sobretudo, aquela ponte enorme (só me fez lembrar Lisboa). É verdade que aqui me sinto quase em casa, Matthew até tem sido um bom amante. Mas... Sem Francisco nunca mais nada me pareceu o mesmo.
João Lopes Marques* ( Eesti keeles ) There is nothing more delicious than His superlative irony. Having read a couple of agricultural articles on vineyards in Scandinavia and the Baltic region, God surprised me (us) with a altruistic orgy of extremely white snow. More: who could guess some weeks ago I would be walking in the middle of the streets fearing being hit by one of those menacing spikes that grows bigger and bigger in the roofs of Tallinn? Well, since last Winter I have realized this crystalline water ice can break legs. That I already knew. What I never expected was that this gigantic natural spears pointed at me in every corner. Last night I even dreamt about one of them that is growing in a building by my flat — it fell unexpectedly perforating my gentle torso. For sure I also don't fancy all this army of tractors and caterpillars that just remind me Godzilla. But let's be positive (at least this time): these are quite bearable side effects of one of His most wonde
Sempre que Massimo vem jantar cá a casa rimo-nos a bandeiras despregadas. Ele é um prato. Já Livia, a sua estrepitosa mulher napolitana, é um perfeito talher.
Indiferente à preia-mar, Tomaso avançou intrépido. Já planeava as primeiras braçadas quando se sentiu a perder o pé. Temos muita pena dele. E o que é um facto é que nunca ninguém conseguiu explicar o sucedido.
Fizemos a rua das lojas até ao fim e virámos à direita. Na sua habitual verve, Júlio ainda gabou o primeiro semáforo de Vimiães. Só depois se centrou naquele coreto verdinho e muito bem conservado. Apontando firme, exclamaria finalmente: “É ali!”
A Joana é tão teimosa que nunca me quis ouvir (escutar). Pois agora reparem como lhe jorra o sangue do joelho: um dia havia de partir as meias de vidro.
Era um génio e, por acaso, até razoavelmente iluminado. Agora, viver dentro de uma lâmpada, e porquê uma lâmpada?, é que não. Desculpem, mas é que não mesmo. Não, não e não.
Foram 21 anos, quase 22, a limpar casas de banho. Ou banheiros, que é a mesma coisa. Mais curioso, perturbador até, é que nunca em momento algum Alzira se reviu no seu papel higiénico.
Lá em casa já andavam todos apreensivos. A verdade é que os meses (anos) passavam e nada. Daí a desbragada emoção de Thaís ao tomar conhecimento da nova paixão de sua irmã Mônica: "Oba, ama!"
Assim terminaram o bife (bem passado, mais do que perfeito), Vasco puxou do presente. Incondicional, colocou-o no indicativo e ela não desgostou: parece que tinham mesmo futuro.
Jamais me esquecerei da luz fosca da vela, do modo suave como mo verteu no corpo. "O que syrah, syrah...", sussurrou-me Tommaso antes de me beber todinha.
Contorço-me. Rebolo-me. Esfrego-me diariamente na sua orelha esquerda, essa mesma que trespasso. Estando bem disposto, até sou capaz de lhe sussurrar algumas alarvidades (Kätlin sabe muito bem quais). Mas é uma senhora: finge nem escutar, tolera-me olimpicamente. Acessório, eu? Essencialmente, brinco. Brincamos.
Despertou ao primeiro raio de sol e — que raio! — reparou no andar diferente. Titubeante, em claríssimo esforço, quase rastejando, Jenniffer ainda conseguiu assomar-se do varandim. Foi então que, e dando mais um doloroso passo, espreitou lá para baixo. Tudo se confirmava: não, aquele não era definitivamente o seu andar.
O exuberante cenário envolvente desajudava, mas a espiritualidade joga (e jogará sempre) o seu papel na vida de um homem. Solitário ou não, selvagem ou nem por isso. Chita já não o excitava, muito menos os trabalhados bíceps, o torso imaculado, o ululante grito guerreiro... Sim, isso era milho para pardalitas atarantadas: Tarzan, o verdadeiro Tarzan que aprendemos a respeitar, mudou de continente. A pirotecnia é definitivamente passado: agora chamam-lhe Tarzen (parece até que passa os dias a beber chá).
Magda era gorducha. Mas isso é agora totalmente irrelevante: para Tadeusz não passava de uma vulva de escape. Não são nada fáceis os Invernos em Poznan.
Agora que está a papas e suminhos, coitada, e olhando para a foto a cores com Ricardo, Beatriz lá exclamou (baixinho, mas eu ouvi-a muito bem): "Dentes é que era bom..."
Na sua recorrente (obsessiva) fantasia, o pequeno Dick imaginava-se rodeado por sete maravilhosas Brancas de Neve. Umas ainda mais alvas do que as outras, está claro.
Contornando pacientemente a(s) silva(s), e sem dar cavaco a ninguém, Aníbal lá prosseguiu a sua determinada rota. A pobre montada, essa, coitada, nem barria.
Gabava-se de possuir a mente adestrada dos xadrezistas. E disso poucos duvidavam. Pena que Javier tenha começado a ver o mundo a preto e branco. E depois, claro, aos quadrados (quadradinhos). Já faltou mais, porém: deixará a Penitenciaria de Topas em 2012. Bem a tempo de celebrar o fim do mundo con Belén.